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Foto: Divulgação/Eduardo Pozella
Como branca, eu tenho inúmeros privilégios que não me dou conta. E no ano em que se comemora 50 anos da morte do líder negro americano Martin Luther King, acredito que seja um bom momento para fazer essa reflexão.
E quem me enumera as vantagens que eu tenho sem me aperceber são mulheres e homens negros que estão numa roda de debates sobre o Privilégio Branco realizada em março de 2018 no palco do Auditório Cláudio Santoro, em Campos do Jordão.
Foi a primeira discussão da série Diálogos Impertinentes, promovida por Gustavo Prudente, Ricardo Artur Arroyo e sua empresa Sustenta Mundo – Culturas e Relações Sustentáveis, que tem o objetivo de trazer mais consciência ao ser humano, sobretudo aos que estão dispostos a rever ou afinar seus próprios valores, como eu e você. Nessa série de reflexões, a equipe de facilitadores aborda temas relacionados aos privilégios sociais.
Nessa primeira roda, eles convidaram três ativistas negros para, junto com público, falar sobre o que significa ser branco no Brasil hoje, e como isso impacta quem não é branco. Ao falar de sua própria vida, ou melhor, dos detalhes dolorosos e íntimos de sua própria vida, essas pessoas, que sofrem os mais sutis e cortantes preconceitos (justamente aqueles que não ditos diretamente, mas que podem ser percebidos pelo coração), me deixam com vergonha da minha inconsciência. Ou da minha omissão e silêncio, em muitos casos. Por exemplo, não me dou conta de que:
sou privilegiada quando outras crianças da minha idade não me chamam de feia por causa do meu nariz ou do meu cabelo;
sou privilegiada quando assisto, sem me causar qualquer incômodo, uma novela ou filme onde os brancos são os protagonistas e heróis, e os negros só ocupam um lugar secundário;
sou privilegiada quando todas minhas referências de beleza seguem padrões estéticos determinados pelos brancos e para brancos;
sou privilegiada quando sou contratada ou ganho uma promoção por ser branca, enquanto um negro é preterido e perde a vaga por ser negro;
E assim desfilam à minha frente uma série de outras circunstâncias que mostram a mim mesma o quanto de privilégios eu tenho sem ter uma consciência clara disso. Como diz Gustavo Prudente, tomo consciência de que “ser antirracista vai muito além de não fazer comentários racistas, compartilhar posts empáticos aos negros ou ir em manifestações”. É preciso ir além, e nem sempre estamos dispostos a ultrapassar essa fronteira. “Buscar ser antirracista implica no desenvolvimento da coragem de se arriscar a perder privilégios em nome de deixar de ser cúmplice com a perpetuação da estrutura racista. É atravessar o próprio medo em nome da luta pela dignidade de todos”, explica ele.
Sim, porque corro o risco de perder uma vaga se questiono uma contratação que pode ter sido feita por causa da minha cor. Ou me arrisco a ser condenada pela família se impeço meus filhos de assistirem um desenho animado com cenas sutilmente racistas. “Outro dia vi um filme da Barbie em que ela sai do mar com os cabelos loiros e soltos enquanto sua amiga negra sai com os cabelos duros. O comentário dela ao ver a amiga é alguma coisa do gênero: “Hum, que engraçado isso…”. Eu não vou deixar minha filha ver um desenho assim, com uma cena dessas. Porque ali já está embutida a noção de que o branco é bonito e o negro é feio, estranho, porque o engraçado aí está no mesmo sentido de ser estranho, diferente, inferior”, diz uma participante do público, casada com um negro. “Temos de estar vigilantes e atentos com tudo o que as crianças consomem em termos de cultura racista”, afirma. E isso requer uma postura ativa e consciente que nos obriga a nos expor, a sair da zona de conforto, a dizer “não, eu me recuso a compactuar com isso”. Sem medo de críticas ao mostrar abertamente minha indignação e inconformidade com isso.
Quando se tem consciência do próprio privilégio, não dá mais para se omitir e fingir que não se vê a discriminação que é feita com o outro.
Coloridos como as borboletas
Uma das participantes do grupo de debates reconhece que nunca teve consciência do racismo antes de vivenciá-lo a partir do seu casamento com um negro. “Minha família rejeitou a união. O mais incrível disso é que eu sou branca, mas minha irmã é morena: temos ancestrais negros na família”, ela conta. Dolores Medeiros, uma psicóloga especialista em Constelações Familiares que trabalha no Espaço Quintessência, em Santo Antônio do Pinhal (SP), concorda e acrescenta: “É muito comum ver negros casarem com mulheres brancas. E isso pode ser bem dolorido para as mulheres negras”, ela diz. Não é o caso dela, que é casada com o ativista negro Dojival Vieira. Mas ela sabe que essa pode ser uma situação comum. E vejo que um dos efeitos mais perversos do privilégio branco é que ele pode alcançar os próprios negros, ao se transformar em algo desejável também para eles. Meu coração fica cada vez mais apertado.
Relacionamentos entre negros e brancos, nas suas diferentes gradações de cor, é algo muito comum no Brasil. Mas nem sempre em termos de igualdade. Poucos admitem essa realidade evidente quando olham o próprio passado de suas famílias. Convenhamos: ninguém que tenha uma família radicada há muito tempo no Brasil está isento de ter antepassados negros. Mas quem tem coragem de assumir? Nos orgulhamos de sermos quatrocentões, mas esquecemos o restante da história. A família Camargo de Almeida, que é minha família original por parte paterna, por exemplo, tem centenas de anos em terras brasileiras, talvez mais de 400. Somos descendentes do Barão de Mambucaba, cidadezinha perto da região de Paraty. Quem garante o nosso passado? Temos milhões de “Escravas Isauras” no país – gente que parece branca, mas que tem uma porcentagem de características genéticas latentes relacionadas ao negro ou índio. Quem disse que o avô do meu tataravô, por exemplo, não se encantou por uma dessas mulheres? Ou que teve um relacionamento com uma escrava e assumiu os filhos? Nós, brasileiros, somos negros e brancos do café com leite mais branco possível ao preto mais retinto. Vamos deixar de ser bestas, então, é difícil encontrar alguma pseudo-pureza racial por aqui (se ela existisse realmente). E esse fato, que, na verdade, deveria ser motivo de orgulho e nos unir, infelizmente nos separa. E por motivos bem questionáveis.
Não existem raças, e esse fato é mais do que comprovado cientificamente. Temos em nosso DNA não só genes da nossa própria espécie, como de espécies extintas (como os Neanderthais), além da presença de genes de várias origens. Enfim, somos todos juntos e misturados. É o que me garante Dojival Vieira, jornalista e dono da agência de notícias Afropress. E ele se refere a algo que é um bálsamo para o meu coração: somos uma mistura danada de cruzamentos de muitas linhagens genéticas. Não existe nada além do que seres humanos, com uma cabeça, dois braços, duas pernas e sangue vermelho. Nenhuma raça é superior à outra, porque elas simplesmente não existem: somos apenas descendentes de hominídeos originários da África ou Austrália, que foram mudando suas características ao correr do tempo, e de acordo com diversas circunstâncias.
“O importante é enxergar a beleza na diversidade dos seres. Ao afirmar que existe uma raça, e que ela é superior a outra, me torno racialista. O movimento negro americano do Black Power, por exemplo, é racialista”, ele diz. O racialismo nos induz a viver sem interação, cada um no seu quadrado, e se achando o máximo dentro dele. Gosto do tom tranquilo, e ao mesmo tempo firme, de Dojival. Acredito que ele já tenha passado muita raiva e mágoa por causa do preconceito, e que as tenha ultrapassado. Ele e Gustavo Prudente, o facilitador do debate, um branco e um negro, são amigos e moram em Santo Antônio do Pinhal, aqui do ladinho de Campos do Jordão. São exemplos inspiradores de que é perfeitamente possível abrir mão do privilégio, de um lado, e do ressentimento, do outro. Na paz.
Martin Luther King, no seu célebre discurso I have a dream (Eu tenho um sonho), dizia que imaginava tempos futuros nos quais “minhas quatro pequenas crianças viverão em uma nação onde não serão julgadas pela cor de sua pele, mas pelo conteúdo do seu caráter”. E ele continuava a falar sobre seu desejo: “E onde meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos negros e meninas negras como irmãs e irmãos”. Gustavo e Dojival já são assim. E os filhos deles provavelmente serão assim também. Meu coração começa a se aliviar.
Termino a palestra com um sorrisão daqueles por causa da afirmação pró-diversividade e pró-igualdade racial feita por Dojival Vieira. A luta contra a discriminação continua. Mas já se pode dar outros passos além disso, como enxergar a beleza da multiplicidade entre os seres e o reconhecimento da igualdade de seus direitos como algo absolutamente normal e inquestionável.
Quando criança, queria ter cabelos longos e verdes, como as sereias. Não me importaria se minha pele fosse azul, nem que minhas pupilas fossem douradas, como os seres de Avatar. Seria lindo se eu pudesse ser assim, multicolorida. E que todos pudessem ser assim também. Já imaginou quantas opções genéticas teriam nossos descendentes? Cintilantes, a ostentar as 100 mil opções de tonalidades que nos oferecem o espectro visível das cores, não teríamos mais porque brigar. Seríamos tão misturados que ficaria impossível afirmar qualquer tipo de racialidade ou diferença entre nós. E ficaria de um ridículo total alguém dizer algo como “eu sou mais laranja-avermelhado-dourado-com-tonalidades-violáceas do que você, viu?”.
E, nesse exemplo acima, podemos ver claramente que o problema nunca foi a cor. Mas, sim, o nosso nível de consciência.
. O segundo tema a ser abordado pelos Diálogos Impertinentes no Auditório Cláudio Santoro será o Privilégio Hétero, em abril próximo.
Foto: Antonio Milton Ito Soares
Escrevi sobre essa casa de muito charme e leveza em 2013. E as referências continuam atuais. Uma das que mais gostei foi a mistura original das cores na fachada: terracota com portas e janelas em azul petróleo.
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Essa casa na Mantiqueira recebeu o Prêmio Casa Cláudia em 2017. Veja como uma casa na montanha pode ser leve e iluminada.
Texto: Gabriela de Sanctis
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Foto: Casa Claudia
Escrevo ainda esses dias sobre O Privilégio Branco, tema de uma roda de debates que houve no último domingo no Auditório Cláudio Santoro aqui em Campos do Jordão. Foi uma reflexão profunda sobre um assunto inesgotável: a falta de consciência do branco sobre a realidade dos negros no Brasil e o quanto sua condição privilegiada é passada desapercebida, ou conscientemente ignorada, por eles próprios.
Muitos chefs da Serra usam a fórmula criatividade + tradição nos seus pratos elaborados por eles. E o resultado é surpreendente. “O que eu acho interessante na Mantiqueira de hoje é a presença paradoxal de uma cozinha com um olhar urbano, seguro e criativo ao lado da cozinha caipira, autêntica, sem frescura, orgulhosa de suas origens, mas ainda tímida na promoção de si mesma. Nesse novo contexto, que reflete uma tendência mundial na gastronomia, ela tenta criar coragem para se afirmar” afirma Clarissa Alves Secondi, pesquisadora formada em História da Alimentação na Universidade François Rabelais, em Tours, na França. “A cozinha da Mantiqueira se refere à uma cultura alimentar específica que ainda não tem uma etiqueta definida, como a cozinha baiana, por exemplo. E isso pode ser muito bom: dessa forma, ela busca mais, cria mais, sempre à procura de uma identidade, que hoje pode chegar mais pelo estandarte da utilização criativa dos produtos vindos da região do que por receitas consagradas”, ela diz.
Dessa maneira, a cozinha caipira, que pode ser servida de modo tradicional em alguns restaurantes, também serve de base de inspiração para voos criativos e novas receitas na gastronomia local. Cito só alguns exemplos desses chefs ousados, porque a lista é grande. Por exemplo, Mônica Rangel, que há vinte anos comanda o Gosto com Gosto em Visconde de Mauá (RJ), e que parte de uma cozinha de tradição mineira para desenvolver receitas inspiradas, como o brasileirinho, sobremesa feita com limão e doce de leite. Ou a chef Anouk, que oferece trutas e outras receitas com frutas e legumes de cada estação, do pinhão às alcachofras, do shitake às frutas vermelhas. É uma cozinha com um delicado toque francês (os pais de Anouk vieram da França) que pode ser apreciada num restaurante de charme à beira de um riacho, o Donna Pinha, em Santo Antônio do Pinhal (SP).
Criatividade e tradição também valem para o restaurante Dona Chica, instalado dentro do Horto Florestal de Campos do Jordão (SP). “Ninguém acreditava num restaurante que oferecesse comida brasileira no meio de um parque estadual. Mas completamos cinco anos, e os clientes voltam sempre”, diz o chef Anderson Cesar Oliveira, proprietário do restaurante e também professor da Faculdade de Gastronomia do Senac. Jordanense da gema, ele é responsável pela volta de frutos típicos da região em diversas receitas, como o tomate de árvore, que ele conheceu na infância. “Fui de porta em porta até conseguir uma muda. As pessoas não mais plantavam por aqui”, conta. Também oferece seu leitão pururuca ou a truta salmonada em travessas na mesa, em vez de serem montados no prato. “Quero que o cliente se sinta à vontade, em casa”. Brigadeiros de erva-cidreira podem fechar a refeição.
O Lá na Roça, em São Bento do Sapucaí (MG), marcado pela hospitalidade e acolhimento dos donos, comida saborosa e belíssima paisagem, também pode fazer parte dessa lista. Já em Gonçalves conheça o Sauá, de refinado paisagismo e arquitetura, com cardápio assinado pelo chef e professor do Senac Vitor Pompeu.
Fique sempre de olho também para não perder o Festival e Cultura da Roça de Gonçalves, que em 2018 alcança sua oitava edição. Durante o festival, chefs e cozinheiros locais de restaurantes, bares, cafés e botecos da cidade oferecem pratos elaborados com os produtos da Mantiqueira, que são servidos aos som de grupos de viola e música sertaneja de raiz. Além disso, você pode participar de várias oficinas e workshops relacionados com gastronomia local e comprar na feira de artesanato. O Festival acontece sempre em dois finais de semana, no final de outubro e começo de novembro.
O buffet de domingo do restaurante Alquimia, no hotel Serra da Estrela, em Campos do Jordão, é outro que chama a atenção pela criatividade de seus pratos vegetarianos feitos com verduras e legumes orgânicos. Num ambiente harmonioso com janelões que dão para o verde da cidade e música ao vivo (geralmente chorinhos), você pode escolher entre cerca de 40 pratos vegetarianos, incluindo as sobremesas, e pagar apenas 42,00 por pessoa (durante a semana, o menu confiança custa 14,90). O Alquimia também promove o Festival Vegano de Inverno JMA, com um bazar com vários produtos veganos e outras atividades. Em sua primeira edição, o festival aconteceu no final da temporada de julho (dias 30 e 31) e foi um sucesso. A repetição está garantida para 2018.
Mas se você quiser uma experiência gastronômica inesquecível na Serra da Mantiqueira, e se o seu bolso permitir, visite o Mina, restaurante do belo Hotel & Spa Botanique, em São Antônio do Pinhal (SP). Lá brilha como nunca o chef Gabriel Broide, que resolveu deixar para trás prêmios e elogios constantes de críticos e foodies de São Paulo para viver uma vida pacata e simples na Mantiqueira. Prove, por exemplo, as vieiras em calda de pinhão, na melhor versão mar & montanha da gastronomia, e costumeiramente servidas no outono. Ou o cordeiro. E depois me conte.
E quem não tiver tempo para visitar fazendas ou restaurantes, pode comprar os produtos locais em um entreposto bem sortido, como o do Café no Bosque (leia mais sobre ele na nossa página Delícias da Montanha), que fica dentro do Bosque do Silêncio, um parque bem cuidado localizado em Campos do Jordão (SP).
E tem muito mais. Mas quero terminar com um convite: além experimentar gostosuras e se deliciar com a paisagem, quando for para a Serra da Mantiqueira faça o possível para interagir com as pessoas de lá. Foi assim que encontrei o senhor Tadaki, um mestre de 77 anos com mãos calejadas pelo seu trabalho como agricultor. O conheci junto à sua hospitaleira família num lugar simples, mas de beleza incomparável, o Café com Orquídea (veja em nosso BLOG a matéria Café com Orquídea). O espaço do jardins, varanda e cafeteria foi construído por ele mesmo, com varas de bambus entrecruzadas, e está localizado em Santo Antônio do Pinhal (SP). Sim, no começo, todos são tímidos. Mas, em minutos, ele já me ensina como fazer uma sandália de palha e assim salvar-me de andar descalça numa floresta, cena que o impressionou muito quando viu Perdidos e Pelados na televisão. E, ao lado de um café e uma fatia de banoffee, torta feita com banana, caramelo e chantilly, ele me conta entre risadas e lágrimas sua história de vida. Que é um pouco a sua história, mas também muito da história da gente de fibra da própria Mantiqueira. Viver experiências como essa não tem preço.
Foto: Antonio Milton Ito Soares
Sabores da Mantiqueira é o título de um projeto realizado por três professores da Faculdade de Gastronomia do Senac de Campos de Jordão para estimular os seus alunos a conhecerem melhor os produtos da Serra e a desafiá-los a usar esses ingredientes em novas receitas. Para atingir esse objetivo, decidiram realizar um levantamento detalhado dos produtos locais de acordo com quatro critérios: produção orgânica, relevância culinária, identidade local e preocupação com o meio ambiente. O conteúdo resultante das pesquisas servirá para a realização de um documentário e um livro, além de um blog que já está na web.
Antes de ir com seus alunos para conhecer a região, porém, eles mesmos foram desbravar as montanhas e vales ao longo do rio Sapucaí-Mirim, o mais importante da Serra da Mantiqueira. Foi uma surpresa. “Já estamos fazendo o levantamento há mais de três meses numa determinada microrregião, tarefa que a gente pensava em liquidar em poucos dias, e ainda nem chegamos a finalizar tudo o que é produzido por lá”, conta Vitor Pompeu, professor do Senac e um dos sócios do projeto. Vitor também foi o idealizador do Festival de Gastronomia e Cultura da Roça de Gonçalves, realizado anualmente em outubro, e que já vai para a sua oitava edição em 2018. Hoje quem toca o festival são outras pessoas, mas ele continua a estimular o interesse dos alunos pela produção local.
Já Ricardo Barbosa, professor de História da Alimentação, hoje mais dedicado ao estudo do ciclo econômico e sustentabilidade da produção, ensina aos alunos como a qualidade pode se transformar num diferencial redentor para os produtos da Mantiqueira. Ricardo pode ir com eles a uma plantação de um produtor de morangos orgânicos, por exemplo, e mostrar o trabalho meticuloso que ele tem no seu cultivo. Assim é mais fácil os alunos compreenderem a razão do preço final ser um pouco mais alto e se conscientizarem de como esse valor é importante para a sobrevivência econômica daquele agricultor. O resultado dessa ação tão simples? Como futuros chefs, eles terão a tendência a utilizar bons insumos produzidos por produtores locais em suas receitas e, dessa maneira, alimentar um ciclo virtuoso de qualidade, frescor e saúde. “Os agricultores só permanecem na região se os seus produtos tiverem saída. E os chefs só podem escolher utilizá-los se os conhecem e oferecem a seus clientes. Assim fechamos o ciclo”.
O desafio do terceiro integrante do projeto Sabores da Mantiqueira, o professor e chef Vitor Rabelo, é trazer esse conhecimento para a prática, e desafiar seus alunos a inventarem pratos criativos com os ingredientes tradicionais da região. Tem dado certo também. Eles elaboram pratos da entrada à sobremesa que depois são avaliados pelos professores. E a moçada ama esse desafio.
Acompanhe as excursões dos professores do Senac no blog Sabores da Mantiqueira: