Nossa vida aqui

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Essa é a janela de nossa cozinha.

Dois corações com ramos de cipreste e flores brancas dão a dimensão de delicadeza dessa casa.

E enquanto lavo os pratos do almoço, mergulho o olhar na cidade lá em baixo.

Diviso a igreja pintada de ocre e terracota de Nossa Senhora da Saúde, que me faz lembrar as capelinhas italianas do Piemonte. Per la Madonna, rezo uma Ave-Maria.

E entre eu e as montanhas do horizonte, vejo araucárias, muitas araucárias. Enormes, majestosas nos seus 100 ou 200 anos de idade. E manacás floridos de rosa e branco, como se fossem para uma festa.

Casas em estilo normando se espalham pelas encostas. À noite, viram presépio, estrelas faiscantes cor de âmbar.

A sabiá que fez seu ninho nos cedrinhos subitamente pára seu canto e parte. Ouço com nitidez o barulho de suas penas. Aqui o silêncio é espesso. Aqui é possível sentir as batidas do próprio coração.

Estamos no meio da tarde.

Pelo mesmo preço desta casa no alto de uma montanha, num condomínio com caminhos ladeados de hortênsias, não compraria um apartamento de dois quartos num bairro nobre de São Paulo.

Por que demoramos tanto tempo, Antônio e eu, para vir morar na Serra da Mantiqueira?

Foi uma decisão que precisou de coragem: de vender tudo, de mudar de vida e de se abrir para o novo. Sem medo.

Não que Campos do Jordão seja um paraíso sem problemas. Longe disso.

Em caso de necessidade, a primeira UTI está a uma hora de distância.

Nos bairros mais pobres da cidade, as ruas se esfarinham.

Drogas podem ser passadas de mão em mão. E furtos acontecem: o dinheiro é pouco diante da precisão do vício.

Mas a sombra de uma nuvem não é capaz de encobrir esse céu de amplidão desconhecida. Imensurável. E que se tinge de ouro e escarlate no outono.

Como nos desenhos de Walt Disney, passarinhos e borboletas azuis ainda voam pelas matas da Mantiqueira, esquilos sobem em árvores e veadinhos-mateiro bebem água em seus riachos transparentes.

Solitária, a onça parda passeia pelas montanhas com seus passos de veludo e olhos verdes de espreita.

Somos todos afortunados.

Na serra vivem os habitantes locais, e os novos moradores que chegam, geralmente profissionais especializados que fogem da vida estressante das cidades. Eles escolhem viver aqui uma vida mais simples, com uma alimentação mais natural e orgânica, com tempo para contemplar e usufruir da natureza.

E da interação entre essas duas culturas, a tradicional do fogão de lenha, da produção rural e fortemente empreendedora nas áreas do hotelaria, gastronomia e comércio,  e a que chega com propostas criativas, mas ainda com muito a aprender sobre os costumes locais, assim nasce a Nova Mantiqueira.

Estamos aqui para testemunhar e participar desse encontro.

E contar sobre nossa vida.

Em cada post, em cada reportagem, em cada artigo do Viver na Mantiqueira. Que serão acrescentados semanalmente.

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E acompanhe conosco cada passo dessa nova aventura!

 

– Foto: Letícia de Almeida Alves

 

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