A casa parece ter saído do desenho da Branca de Neve. E tenho a impressão de ter vistos um ou dois duendes no jardim, perto das dálias vermelhas (ah, há quanto tempo não via dálias vermelhas, flores da minha infância…). São de barro, tudo bem, não enlouqueci. Mas combinam muito bem com o lugar.
Acontece que essa casinha branca com janelas e portais azuis fica no caminho de casa. E aí é acontece a perdição. Para não comprar nada lá, tenho de amarrar as mãos no bolso. A loja Caminho da Roça é uma tentação.
E o que tem lá dentro? Tudo, tudo o que você possa imaginar para enfeitar uma casa.
De mantas artesanais feitas em teares manuais aqui na Serra da Mantiqueira a coelhinhos de algodão importados que parecem brinquedos de criança do século XIX. De Cds de músicas relaxantes a óleos essenciais, de colchas em patchwork a capachos engraçados de boas-vindas.
Tem ovelhinhas para colocar embaixo na janela, sapinhos e tartarugas para o jardim. Todos de cerâmica.
Tapetes rústicos de Minas, caixinhas de música alemãs, ícones de madeira italianos. E presépios de várias partes do mundo.
Da China, só o melhor: jogos de taças gigantes coloridas para se colocar velas, bibelôs em forma de coelhos e pássaros, jogos de pratos, copos e sousplats, candelabros, enfeites de parede e lanternas em ferro… Tudo bem, também tem aquelas peças pseudo-provençais hiperromânticas, que particularmente acho muito fake, mas reconheço que tem muita gente que adora. Enfim, entre as centenas de objetos distribuídos em cinco pequenos ambientes, dá para ficar um bom tempo a descobrir preciosidades.
E ainda é possível encontrar novas surpresas a cada semana.
Mérito da Rosana, a dona, que há quase vinte anos faz questão de manter as ofertas do Caminho da Roça bem sortidas.
O saboroso picles artesanal Granny´s, com receita americana mas feito na serra.
Ultimamente passo lá para comprar os picles crocantes feitos pela sogra da Débora que, junto com a Cilene, atende os clientes da loja. Picles crocantes com fatias de cebola e pedacinhos de pimentões e sementes de aipo são bem difíceis de se achar por aqui no Brasil. E Débora me conta parte do segredo: a receita foi ensinada por uma americana, Louise, que viveu em Campos do Jordão por muitos anos, e que ensinou o segredo da crocância à Romilda, a sua sogra. Foi Louise também que mandou fazer os rótulos pintados à mão (e depois impressos, é claro) dentro do mais puro estilo de desenho artesanal dos Estados Unidos. E assim nasceu a marca Granny´s. Louise vendia os vidros e Romilda executava suas receitas, que incluem relishes e geléias de framboesa e amora. E assim foi durante muito tempo. Até que um dia Louise se cansou e voltou para os Estados Unidos. Doou todos os rótulos impressos para Romilda, e pediu para ela tocar o negócio em frente. E é o que Romilda faz até hoje para ajudar no orçamento.
Quando compro um produto artesanal, gosto sempre de saber sua história. Porque assim ele ganha um sabor diferente, uma memória afetiva. E fica muito mais gostoso. Na nossa happy hour, comemos os picles Granny’s com um pão quentinho coberto por uma crosta de queijo, comprado ali mesmo em frente na Padaria Roma, e requeijão (a sugestão é da Débora também). Acompanhamos com um dos 50 tipos de cerveja artesanal feitos por aqui.
Definitivamente Campos do Jordão não é um bom lugar para se emagrecer.
Caminho da Roça: Rua Orivaldo Lima Cardoso, 105 – Campos do Jordão
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