Escrevo ainda esses dias sobre O Privilégio Branco, tema de uma roda de debates que houve no último domingo no Auditório Cláudio Santoro aqui em Campos do Jordão. Foi uma reflexão profunda sobre um assunto inesgotável: a falta de consciência do branco sobre a realidade dos negros no Brasil e o quanto sua condição privilegiada é passada desapercebida, ou conscientemente ignorada, por eles próprios.
Estamos falando aqui de doloridos detalhes e nuances expostos corajosamente por mulheres e homens negros, sutilezas embutidas em nossa cultura que ferem sem que os brancos tenham uma consciência clara. O foco não é apenas o racismo aberto, que é mais de fácil de identificar, mas o racismo insidioso e camuflado. Muito importante se refletir sobre isso, pois inclui a todos nós, até os que não se dizem racistas.
Também é muito importante para a cidade que o Museu Felicia Leirner abra espaço para essas discussões. Sonho o dia em que o Museu, além de toda sua programação cultural, também se transforme num espaço de reflexão e conhecimento, como é o da a Fundação Palas Athena em São Paulo.
O projeto dos Diálogos Impertinentes é iniciativa de Gustavo Prudente e Ricardo Artur Arroio, pensadores e articuladores de palestras, debates e eventos sobre o momento atual. Hoje eles também moram na Serra da Mantiqueira. A gerência do Museu Felícia Leirner está a cargo, já há cinco anos, da historiadora Marina Falsetti Silveira, que abre espaços para a inclusão de temas de interesse da sociedade, numa gestão dinâmica e representativa.
O tema dos Diálogos Impertinentes do mês de abril será O Privilégio Hétero.