Nessa rua, nessa rua tem um bosque…
E ele não se chama Solidão.Todos o conhecem por Bosque do Silêncio, nome tão poético quanto o da canção de roda. E aqui a natureza tem mesmo o ar de uma floresta mágica: silenciosa, recolhida, misteriosa.
Parcialmente natural e parcialmente tratado como jardim, em especial na parte gramada da entrada, o bosque tem uma área de 120 mil metros quadrados, um bom tamanho para um parque dentro de uma cidade, no caso, Campos do Jordão. São 28 travessias que podem ser percorridas em dois quilômetros de passarelas, em trilhas que podem levar de 1 a 3 horas.
Ali, lagos com nenúfares são atravessados por pontes, e passarelas de madeira correm por entre hortênsias e plantas aquáticas. Há todo um equipamento seguro para a prática de tirolesa e caminhos entre as copas das árvores para a prática de arvorismo, atividades propostas pela empresa Altus Turismo Ecológico, assim como uma arena aramada para Paint ball, esporte mais praticado nos Estados Unidos do que o surfe.
Altos pinheiros protegem um spa construído como uma cabana de madeira, e canteiros de coloridas Impatiens (a prima rica da nossa Maria-sem-vergonha) rodeiam um café com deck ao ar livre. Tudo é limpo e muito cuidado por lá, e uma atividade fica longe da outra.
A ideia do Café no Bosque, uma das principais atrações do parque, é oferecer o que de melhor a Serra da Mantiqueira é capaz de produzir na área da alimentação. “O turista muitas vezes não tem tempo de ficar rodando por aí para conhecer e provar tudo o que existe nesses vales e montanhas, e a Serra se estende por mais de 500 quilômetros… Então procurei reunir uma amostra das coisas mais gostosas que são produzidas na região”, diz Marco Ayres, o proprietário do café.
Como sommelier da Enoteca Fasano em Campos do Jordão, Marco adota o mesmo sistema que oferecia aos seus sofisticados clientes: traz amostras para degustação de muitos produtos vendidos. Os queijos premiados da Fazenda Pavão na vizinha Serra do Salitre (que espero um dia conhecer, pois ela é também aberta à visitação) são trazidos em pequenas lascas, em três estágios diferentes de maturação. No geral, os queijos se assemelham ao Grana Padano italiano, e mesmo ao Parmegianno Regianno, e podem muito bem substituí-los. Ou ele pode apresentar vinhos que se parecem com o Madeira, tanto o seco como o licoroso, feito originalmente por um português que veio morar aqui no século passado. A produção vinícola do Madeira é continuada hoje pela família.
O mel mais exótico que Marco oferece é obtido das flores brancas e perfumadas das floradas das fazendas de café, mas lá existem de muitos outras espécies. E ele também apresenta os mais diferentes tipos de geleias (comprei uma lá, de laranja, que me fez lembrar demais das marmelades inglesas). Outra que faz sucesso é a de physalis, uma frutinha amarela envolta por folhas cor de palha, que chegou nos mercados daqui como exótica, mas que é bem brasileira. No Brasil, ela é chamada de joá-de-casaca, camapum ou saco-de-bode. Gostosa, tem inúmeros benefícios medicinais para a saúde. Na Serra, ela é cultivada sem qualquer tipo de agrotóxicos, pois se adapta facilmente ao solo. Já não é caso das frutinhas vindas de fora.
As cervejas artesanais, desde daquelas feitas em garagem, mas muito saborosas, até marcas conceituadas ou de fabricação exclusiva, são um universo à parte. São inúmeras, mas essas você vai ter de comprar seguindo uma ou outra indicação do dono da cafeteria, é claro, assim como os vinhos de altitude. Ele não pode abrir uma garrafa só para tirar uma amostra… Mas você pode experimentar os derivados de suínos em lasquinhas, como as de presunto cru de tipo ibérico, originados das melhores fazendas da região e beber com as cervejas, ou pedir uma deliciosa porção de queijos e frios que está no cardápio.
O Café no Bosque ensaia lançar um menu criativo para o almoço durante os finais de semana, mas até isso acontecer, já é possível consumir salgadinhos para beliscar e sanduíches. E não saia de lá antes de provar uma fatia de cheesecake feito com frutas vermelhas e massa de amêndoas. O pessoal do Trip Advisor já o classifica como o melhor da Mantiqueira (o parque tem o Certificado de Excelência do site também).
Endereço: Avenida Senador Roberto Simonsen, 1724 – Vila Inglesa – Campos do Jordão
A entrada é gratuita, e ele funciona das 9h00 às 18h00.
A administração do Bosque do Silêncio é feita pela empresa Altus Turismo Ecológico.
3 Comments
Adoramos o local, o serviço é maravilhoso e a truta é a melhor que já provamos. Parabéns pelo atendimento e atenção de todos. Um forte abraço.
Obrigada! Iremos sim, é sempre um prazer escrever sobre quem trabalha com boa qualidade e excelência na região. Como vocês.
Agradeço imensamente essa matéria tão poética que conseguiu retratar todo amor com que todos trabalham no Bosque do Silêncio, o Café no Bosque fica lisonjeado pelo carinho! Já estamos com um cardápio de almoço venha conhecer! Um abraço